Impactos do Covid

Impactos do Covid

 

A Montanha-Russa da Pobreza

Esta nota calcula em frequência mensal indicadores baseados em renda domiciliar per capita de todas as fontes normalmente disponibilizados em janelas de mensuração anuais. Propõe-se discutir as implicações dessas janelas de mensuração em termos de medição de bem-estar social e destacar suas causas, tal como a chegada da covid-19 ao país e a adoção de novas políticas de rendas (Auxílios).

Retrato - Em termos da última fotografia anual da pobreza, 10,8% da população estava abaixo da linha de pobreza de R$ 210 per capita em 2021, cerca de 23 milhões de pessoas, em termos relativos ou absolutos o nível mais alto da série histórica. Esta linha embora baixa para suprir necessidades básicas é usada como critério de elegibilidade a algum benefício pelo Auxílio Brasil. 

Em termos de mudanças a proporção de pobres em bases anuais sobe 42,11% entre 2020 e 2021, correspondendo a 7,2 milhões de novos pobres em relação a 2020 e 3,6 milhões de novos pobres em relação ao pré pandemia.

Mensais - as mudanças das séries de pobreza anuais no Brasil escondem no período recente flutuações com amplitude 5,7 vezes ainda mais pronunciadas observadas em séries mensais, dado o aumento de 238,5% da mesma em menos de seis meses. Esse é o salto entre o menor ponto de pobreza de todos os tempos experimentado em agosto de 2020, quando a mesma atinge 3,9%, e o ápice de 13,2% durante a interrupção do Auxílio Emergencial em março de 2021, o recorde histórico desta série iniciada em 2015. Coincidentemente, este novo pico de pobreza equivale quase ao pico gêmeo do primeiro mês da pandemia (13,3%).

Os brasileiros mais pobres têm de fato vivido uma montanha-russa nos três últimos anos. A renda mensal dos 10% mais pobres já vinha em queda antes da chegada da covid-19 ao Brasil e despencou a menos da metade no início do isolamento social (R$ 114 em novembro de 2019 a R$ 52 em março de 2020). Desde este mínimo, a renda do grupo foi mais do que quadruplicada até seu pico histórico em agosto do mesmo ano (R$ 215), na fase mais generosa do Auxílio Emergencial (AE).  Daquele valor de pico, desabou, ficando 15,8% abaixo do nível pré-pandemia (R$ 96 em novembro de 2021). Este último projeta tendência negativa pois incorpora os valores nominais fixados do novo Auxílio Brasil face o cenário prospectivo de inflação alta, especialmente para baixa renda.

Auxílios - A fim de entender as causas das flutuações sociais mostramos as séries de renda domiciliar per capita média do trabalho para captar o efeito isolamento e as transferências sociais per capita em relação a toda população. Esta última sai de R$ 11,77 em fevereiro de 2020 para R$ 136,20 em julho de 2020 caindo para 13,93 em fevereiro de 2021. O último ponto da série que já incorpora o Auxílio Brasil substituindo o Auxílio Emergencial e o Programa Bolsa Família, o valor de transferências é de R$ 19,29, 63,9% maior que logo antes da chegada da pandemia mas apenas 14,2% o valor encontrado no ápice do Auxílio Emergencial. Incidentalmente, contas realizadas pelo FGV Social com uma linha de pobreza em torno de R$ 300 revelam um custo mensal per capita para superação de pobreza de R$ 15 adicionais aos programas existentes na véspera da adoção do Auxílio Brasil.

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/PobrezaMensal


Insegurança Alimentar no Brasil: Pandemia, Tendências e Comparações Globais

O Brasil ocupa lugar de destaque no tema insegurança alimentar, seja pela produção agrícola, seja pelas dificuldades que os brasileiros têm de lidar com falta de comida. Oferecemos a partir do processamento dos dados do Gallup World Poll, uma fotografia mais recente da insegurança alimentar da população brasileira (2021 – coletada de agosto a novembro) e o acompanhamento de suas mudanças no período da pandemia do Covid-19. Esta base permite plena comparabilidade entre 160 países, em bases anuais desde 2006, nos possibilitando medir aqui diferenças de prazo mais longo de insegurança alimentar entre o Brasil e o mundo, assim como de seus determinantes próximos como renda, escolaridade, gênero e idade.

Fome na pandemia - A parcela de brasileiros que não teve dinheiro para alimentar a si ou a sua família em algum momento nos últimos 12 meses subiu de 30% em 2019 para 36% em 2021, atingindo novo recorde da série iniciada em 2006. É a primeira vez desde então que a insegurança alimentar brasileira supera a média simples mundial. Comparando a média simples dos mesmos 120 países com o Brasil, antes e durante a pandemia, a insegurança alimentar subiu 4,48 pontos percentuais mais aqui, que no conjunto de países (aumento percentual quatro vezes maior no Brasil), sugerindo ineficácia relativa de ações nacionais.

Piora dos pobres - O aumento da insegurança alimentar entre os 20% mais pobres no Brasil durante a pandemia foi de 22 pontos percentuais, saindo de 53% em 2019 chegando a 75% em 2021. Já os 20% mais ricos, experimentaram queda de insegurança alimentar de três pontos percentuais (indo de 10% para 7%). Na comparação com média global de 122 países em 2021, nossos 20% mais pobres tem 27 pontos percentuais a mais de insegurança alimentar enquanto nossos 20% mais ricos apresentam 14 pontos percentuais a menos. Altos níveis e aumentos de desigualdade de insegurança alimentar brasileira por renda são também encontrados por níveis de escolaridade.

Feminização da fome – Observamos crescente e marcada assimetria de insegurança alimentar entre homens e mulheres no Brasil.  De 2019 a 2021, houve queda de 1 ponto percentual para homens (cai de 27% para 26%) e aumento 14 pontos percentuais entre as mulheres (sobe de 33% para 47%). Como resultado, a diferença entre gêneros da insegurança alimentar em 2021 é 6 vezes maior no Brasil do que na média global. As mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças e gerando consequências para o futuro do país, uma vez que subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais para toda vida. 

Países – O  ranking dos 10 países com mais insegurança alimentar em 2021 é liderado por países africanos, tais como o Zimbawe (80%), Zâmbia (79%), Serra Leoa (77%), entre outros, mas incluindo Venezuela (72%) e Afeganistão (70%), com níveis próximos ao apresentado pelos 20% mais pobres brasileiros (75%). A menor insegurança alimentar é na Suécia (5%), não muito distante da observada para os 20% mais ricos brasileiros (7%). 

Ao comparamos a insegurança alimentar de pessoas com os mesmos atributos sociodemográficos em diferentes países no período 2006 a 2018 como educação, idade, gênero etc, .As chances de insegurança alimentar global sobem 63,5% no mundo entre 2006 e 2018. Por outro lado, na comparação 109 países apresentam segurança alimentar maior que a brasileira, 48 países apresentam insegurança alimentar menor que a brasileira e 8 países apresentaram igualdade estatística com os níveis brasileiros. O Brasil se encontrava antes da pandemia abaixo da norma internacional dado seu nível de renda. Este quadro mudou com a pandemia.

Pobreza e Perspectivas – Mostramos a relevância atribuída aos temas alimentação e pobreza pela população aqui a partir de pesquisas subjetivas. Evidenciamos também um paralelo entre diferentes medidas de insegurança alimentar e com indicadores de pobreza baseada em renda no Brasil. Em 2019, período pré-pandemia, 11% da população, ou cerca de 23 milhões de pessoas, estavam abaixo da linha de pobreza de R$ 290 mês por pessoa. Em outubro 2021, era 13% da população, cerca de 27,6 milhões de pessoas. Os números incluem, portanto, mais 4,6 milhões de novos pobres na pandemia.  Avaliamos prospectivamente o impacto das mudanças introduzidas em programas de combate à pobreza vis a vis ao cenário corrente de estagflação especialmente prevalente entre os pobres brasileiros. 

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/FomeNaPandemia


Retorno para Escola, Jornada e Pandemia

Nosso ponto de partida é a aferição dos movimentos de saída e de volta à escola durante o período de pandemia. Há aumento da taxa de evasão escolar na faixa de 5 a 9 anos de 1,41% para 5,51% entre os últimos trimestres de 2019 e 2020. Voltamos neste ápice da evasão do Covid-19 aos níveis de 14 anos antes. No terceiro trimestre de 2021 a taxa de evasão volta a 4,25% ainda cerca de 128% mais alta que o observado no mesmo trimestre de 2019. Há tendencia diversa da evasão escolar na pandemia entre faixas etárias. Os mais novos saíram mais da escola e retornaram menos aos bancos escolares. Há um ciclo de saída da escola ao longo do ano letivo que deve ser combatido desde o seu início pois aí se estabelece um piso da taxa de evasão do ano. De forma consistente as crianças apresentaram as taxas mais altas de distanciamento social rigoroso (39,1% de 5 a 9 anos contra 23,9% daqueles com 60 anos ou mais ou 10,1% de 15 a 19 anos em setembro de 2020). 

Complementarmente, propomos um indicador síntese que marca como um relógio as horas dedicadas por cada estudante potencial ao aprendizado presencial ou à distância. Este indicador integra a questão discreta de estar ou não matriculado, com a marcação dos dias e das horas de fato empenhados no ensino. O tempo para escola médio para o grupo de 6 a 15 anos em Setembro de 2020 calculado a partir dos microdados da PNAD Covid foi de 2 horas e 23 minutos por dia útil, cinco minutos inferior a media da faixa de 15 a 17 anos. Invertendo a posiçao deste ultimo que era 34 minutos menos 14 anos antes. Os alunos mais pobres, os da rede pública, aqueles em lugares mais remotos e em particular os mais novos foram os que mais perderam tempo de estudo durante a pandemia. Por exemplo, os do Bolsa Família entre 2006 e 2020 caiu 2 horas (de 4 horas e 1 minuto para 2 horas e 1 minuto). Se a perda de matrículas na pandemia para faixa de 5 a 9 anos revela uma volta aos níveis de 2006, esta perda é ainda maior em medidas mais amplas de tempo de estudo, principalmente na baixa renda. 

A falta de atividades escolares percebidas pelos estudantes é mais relacionada à inexistência de oferta por parte das redes escolares do que a problemas de demanda dos próprios alunos. Enquanto 12% dos estudantes de 6 a 15 anos não receberam materiais dos gestores educacionais e professores, apenas 2,7% não utilizaram os materiais que receberam por alguma razão pessoal. Regionalmente vai de 38,9% dos estudantes no Pará a 2,09% no Paraná. Há um agravamento nas desigualdades de educação no Brasil durante a pandemia, invertendo a tendência prévia ao crescimento e a equidade na acumulação de capital humano. Os alunos das séries iniciais que tinham obtido os maiores avancos escolares nas quatro últimas décadas foram os mais penalizados durante a pandemia. A vacinação das crianças contra o Covid-19 se apresenta como medida fundamental para o retorno a escola com mais segurança para todos.

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/RetornoParaEscola


Percepções da População de Políticas Públicas Portadoras de Futuro na Pandemia: Distribuições Nacional e Global ligadas a Saúde, Educação e Meio Ambiente

A pandemia do Covid-19 talvez seja o maior choque global já observado pois afeta de maneira marcada o dia a dia das pessoas ao redor do globo terrestre. O Brasil é um país cuja distribuição de renda reflete na sua média e desigualdade características similares as do mundo. Será que a pandemia afetou mais o Brasil que outros países?  Quais os grupos de renda foram mais afetados pela pandemia? Os segmentos mais pobres, médios ou os mais ricos?  Como a História muda em diferentes dimensões de performance social?

Esta pesquisa lança mão de dados internacionais do Gallup World Poll para aferir o impacto relativo da pandemia sobre a percepção da população em relação a uma miríade de temas ligados a políticas públicas determinantes de perspectivas futuras tais como saúde, educação, e meio ambiente. Comparamos a performance brasileira nestas dimensões com a de um grupo de 40 países (média simples), contrastando resultados colhidos durante a pandemia com os observados logo antes da mesma. De maneira geral, a pesquisa revela piora da média no Brasil muito maior que a do conjunto de outros países na avaliação dos sistemas de saúde e de ensino e com outras pautas portadoras de problemas futuros como a preservação de meio ambiente, o cuidado com as crianças e com a sua capacidade percebida de aprendizagem. Além da maior perda média em todos os cinco indicadores subjetivos, houve aumento de desigualdade no Brasil. Ou seja, a piora social brasileira foi mais forte entre os segmentos de renda mais baixos em relação aos segmentos mais altos. A pesquisa releva uma igualmente robusta redução de desigualdade destas dimensões no conjunto de 40 países analisados. Isto faz que a piora social entre os mais pobres no Brasil, seja mais acentuada em termos relativos aos globais do que em termos absolutos.  

Política de Saúde - A população satisfeita com a atenção à saúde mostra uma deterioração de cinco pontos percentuais no Brasil e um aumento de 1,05 ponto percentual no grupo controle, deixando uma queda líquida relativa de 6,05 pontos percentuais para o Brasil. A média geral da satisfação com o sistema de saúde não só piora no Brasil e melhora no mundo, como a piora Brasileira e a melhora mundial são ambas puxadas pelos 40% mais pobres não com queda da qualidade percebida da saúde de -10.5 pontos percentuais, oposto do que foi observado no resto do mundo que sobe 2.28 pontos. A situação dos 40% mais ricos não se alterou muito em ambos universos geográficos. 

Política Educacional – A parcela de pessoas satisfeitas com o sistema educacional caiu de 56% em 2019 para 41% em 2020, uma redução de 15 pontos percentuais. Enquanto no grupo controle a média caiu de 63,98% em 2019 para 60,20% em 2020, uma redução de 3,78 pontos percentuais. Isso significa que o Brasil perdeu 11,23 pontos percentuais em relação à média internacional, aumentando a diferença de satisfação educacional entre Brasil e Mundo. A desigualdade interna brasileira aumentou pois a queda da proporção de satisfeitos com a política educacional no Brasil da pandemia é maior entre os 40% mais pobres (-22 pontos) do que nos segmentos mais altos (-8 pontos). Mais uma vez o oposto ocorre em escala global.  Este mesmo padrão de piora media maior e aumento de desigualdade brasileira se repete para percepção de aprendizado assim como de tratamento respeitoso com as crianças. Saímos de uma despiora educacional para uma desmelhora na pandemia, na contramão internacional.

Política Ambiental -  O nível de satisfação medido pela proporção de satisfeitos com a política ambiental no Brasil cai de 28% em 2019 para 22% em 2020. Esta queda geral de 6 pontos percentuais contrasta com o aumento de quase um ponto (0,97%) de porcentagem global que passa de 48,23% em 2019 para 49.2% em 2020. Logo a diferença em diferença na pandemia cai 6.98% pontos de porcentagem no Brasil vis a vis o mundo no período pandêmico. Na análise distributiva das percepções de políticas ambientais é notável a maior piora dos mais pobres brasileiros, em contraste com melhoras globais.

De maneira geral, a pesquisa revela piora da média no Brasil muito maior que a do conjunto de outros países na avaliação dos sistemas de saúde e de ensino e com outras pautas portadoras de problemas futuros como a preservação de meio ambiente, o cuidado com as crianças e com a sua capacidade percebida de aprendizagem. A piora social brasileira foi mais forte entre os segmentos de renda mais baixos em relação aos segmentos mais altos. A pesquisa releva uma igualmente robusta redução de desigualdade destas dimensões no conjunto de 40 países analisados. Ou seja, a desigualdade aumentou aqui mas caiu alhures.

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/PoliticasPandemia


 

Desigualdade de Impactos Trabalhistas na Pandemia

Diferentes pessoas são impactadas de maneira diferenciada pandemia do Covid-19. Nosso objetivo é fornecer uma visão ampla e atual da desigualdade de impactos trabalhistas da pandemia no Brasil.

Frustração trabalhista - A renda individual média do brasileiro incluindo informais, desempregados e inativos se encontra hoje -9,4% abaixo do nível do final de 2019. Na metade mais pobre esta perda de renda é de -21,5%.  A queda de renda entre os 10% mais ricos foi de -7,16%, menos de 1/3 da queda de renda observada na metade mais pobre. Pouco mais da metade da queda de renda dos mais pobres, -11,5% foi devido ao aumento de desemprego. Além disso, contingente de trabalhadores se retirou do mercado. O efeito-desalento resultou em queda de renda 8,2% neste grupo.

Quem perdeu mais? – Os principais perdedores de renda individual foram os moradores da região Nordeste (-11,4%); as mulheres que tiveram jornada dupla de cuidado das crianças em casa (-10,35%), os idosos por terem de se retirar do mercado de trabalho função da maior fragilidade em relação ao Covid-19 (-14,2% de perda). 

Perda na base – A renda per capita que já tinha caído 14,1% do ápice de R$ 255 no quarto trimestre de 2014 (2014.04) para R$ 219 no quarto trimestre de 2019 (2019.04). Deste ponto até o segundo trimestre de 2021 (2021.02) cai 21,5% chegando a R$ 172.

Desigualdade em alta – O índice de Gini que já havia aumentado de 0,6003 para 0,6279 entre os quartos trimestres de 2014 e 2019 saltou na pandemia atingindo 0,640 no segundo trimestre de 2021  acima de toda série histórica pré-pandemia.

Pobreza – A proporção de pessoas com renda abaixo da linha de pobreza de R$ 261 por pessoas era, antes da pandemia, 10,97%, passando em setembro 2020 o melhor ponto da série função da adoção do Auxílio Emergencial pleno para 4,63%, 9,8 milhões de brasileiros. No primeiro trimestre de 2021 função do Auxílio Emergencial suspenso, atinge 16,1% da população. 34,3 milhões de pobres correspondendo a 25 milhões de novos pobres. Finalmente com a adoção do novo auxilio em escala reduzida com duração limitada a partir de abril de 2021 com alguma retomada 12,98%, 27,7 milhões de pobres pior do que antes da pandemia do Covid.

Estagflação – A recente aceleração das taxas de desemprego e de inflação com consequências distributivas.  Nos 12 meses terminados em julho de 2021 a inflação dos pobres foi 10,05%, 3 pontos de percentagem maior que a inflação da alta renda, segundo estimativas do Ipea. Nos nossos cálculos a taxa de desemprego da metade mais pobre subiu na pandemia de 26,55% para 35,98%. Já entre os 10% mais ricos a mesma foi de 2,6% para 2,87%. Isto significa que o chamado índice de desconforto proposto por Arthur Okun, composto pela soma simples das taxas de desemprego e de inflação não só subiu como subiu muito mais entre os mais pobres.

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/DesigualdadePandemia


Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia

Pouco mais de um ano depois a pandemia do Covid-19 chegar ao pais, o que houve com a desigualdade e a prosperidade trabalhistas desde então? E os indicadores subjetivos de Bem Estar como felicidade e emoções cotidianas? Como o Brasil se compara com o resto do mundo?

O Topo da Desigualdade -.A pandemia adiciona mais três centésimos ao índice de Gini trabalhista levando até 0.674 em 2021T1, nosso recorde na série histórica. A literatura considera este movimento um grande salto de desigualdade

Prosperidade - No trimestre de Janeiro a Março de 2020 a renda média alcança o maior ponto da série R$ 1122 e em menos de um ano cai 11,3% e vai para o ponto mais baixo da série histórica de R$ 995, primeira vez abaixo de um mil reais mensais. Queda de 11,3%

Bem Estar Social - Integramos a evolução da média com a desigualdade como componentes da medição do bem-estar geral da nação. O bem-estar trabalhista estava em empate técnico do nível em 2020T1 com o do início da série histórica em 2012, ou seja não houve progresso social líquido nesta década. No ano seguinte da pandemia o bem estar cai 19,4%, que representa o novo piso da série.

Pobres perderam mais -  A média das rendas individuais do trabalho na população de idade incluindo os sem trabalho. caiu 10,89% na pandemia, a queda de renda da metade mais pobre foi 20.81% queda quase duas vezes maior que a da média.

Felicidade foi embora - Indo a medidas subjetivas de bem estar, resultado de respostas diretas das pessoas sobre a sua vida. Começamos com medida geral de felicidade dada por uma nota de avaliação de satisfação com a vida numa escala 0 a 10. O Brasil tem uma queda de 0,4 pontos em 2020, chegando a 6,1 o menor ponto da série histórica desde 2006.

Mais Desigualdade de Felicidade – A queda da felicidade se dá nos 40% mais pobres (-0,8%) e no grupo do meio (-0.2) situados entre 40% a 60% da renda.  Já os grupos mais abastados mantiveram a satisfação com a vida. Ou seja, há aumento da desigualdade de felicidade na pandemia. A diferença de satisfação com a vida entre os extremos de renda que era de 7,9% em 2019 sobe para 25,5%.

Comparações Internacionais - A pandemia do Covid-19 afeta de maneira marcada o dia a dia das pessoas ao redor do globo terrestre. Usamos como quase experimento a comparação do Brasil com 40 outros países pesquisados que cobrem da Áustria, passando pela China e chegando a Zimbawe. A nota média de satisfação da vida presente do brasileiro, caiu de 6,5 em 2019 para 6,1 em 2020. No resto do mundo a nota tinha ficado parada durante a pandemia em torno de 6,0. Ou seja, há marcada perda relativa de felicidade no Brasil durante a pandemia.

Emoções cotidianas – Há também medidas pontuais de bem estar que pergunta emoções sentidas em quantidades relevantes na véspera da pesquisa. Nos referimos ao sentimento de raiva, preocupação, estresse, tristeza e divertimento. A sensação de raiva sobe de 19% em 2019 para 24% em 2020 dos brasileiros, uma mudança de 5 pontos de porcentagem. No mundo este avanço foi de 0,8% pontos percentuais. Ou seja, a raiva aumenta 4,2 pontos percentuais a mais no Brasil durante a pandemia que no resto do mundo. Similarmente: preocupação, stress e tristeza  sobem, respectivamente 3,6, 2,9 e 2,2  pontos percentuais a mais no Brasil do que no resto do mundo. Todos indicadores subjetivos de bem estar considerados pioraram mais no Brasil na pandemia que a média dos 40 demais países.

Em geral, indicadores objetivos e subjetivos mostram na pandemia piora das desigualdades dentro do Brasil e uma perda maior gerada para o país do que para o conjunto de 40 nações.

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/FelicidadeNaPandemia


Juventudes, Educação e Trabalho: Impactos da Pandemia nos Nem-Nem

Estudos recentes realizados pelo FGV Social mostram uma alta vulnerabilidade dos mais jovens brasileiros em tempos de crise. Estes choques podem deixar marcas permanentes, o chamado efeito-cicatriz, sobre a trajetória de ascensão social de toda uma geração. Com base nessas evidencias, decidimos dedicar um olhar especial ao impacto da pandemia em curso no trabalho e no estudo dos jovens.de hoje (Geração Covid). 

Inicialmente, descrevemos através dos microdados da PNADC a evolução das combinações de status do binômio educação e trabalho entre jovens, em particular, que estão fora da ocupação no mercado de trabalho e de instituições educacionais. Essas estatísticas, os chamados “nem-nem” oferecem alternativa útil para descrever os maiores desafios desta fase de transição da infância à idade adulta no ciclo da vida dos indivíduos. A má notícia é que com a chegada da pandemia depois de 2019.4 (leia-se último trimestre de 2019) a taxa de jovens nem-nem que se encontrava em 23,66% acelera, chegando ao recorde histórico de 29,33% no segundo trimestre do ano, depois refluindo para 25,52% até 2020.4. 

O estudo aponta em tempo hábil, o que é fundamental para reações de política, especialmente no período de pandemia, marcadas perdas trabalhistas de ocupação para o conjunto dos jovens na pandemia, ampliando sobremaneira a magnitude das mesmas observadas nos últimos seis anos. Só na pandemia a desocupação na faixa de 15 a 29 anos sobe de 49,37% para 56,34%. Este é o fator dominante exercido nas medidas do uso do tempo dos jovens.  

Por outro lado, revelamos surpreendente queda da taxa de evasão escolar durante a pandemia, que se faz está presente em todos os grupos jovens, atingindo o nível mais baixo da série em 2020.4 com 57,95% de 15 a 29 anos, era 62,2% em 2019.4. A combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas) podem explicar a menor evasão. De qualquer forma, há que tirar partido da oportunidade e, por exemplo, promover inclusão digital e novos conteúdos educacionais remotos. 

O estudo apresenta uma série de mapas que detalham estas mudanças entre estados brasileiros que tem uma serie de responsabilidades em relação a problemas que afligem aos jovens a começar pelo ensino médio, ações para desempregados, políticas de segurança e de transito e  entre outras. 

Por fim, há que se olhar para imagem invertida no espelho dos nem nem, enfocando também aqueles que exercem jornada dupla. É preciso incorporar os tons de cinza no diagnóstico e nas politicas propostas. As extensões das jornadas de trabalho e escolares determinam a performance nessas duas frentes. No que tange ações há que se buscar a conciliação entre estudo e trabalho graduando parâmetros de forma atender os objetivos de política finais, quais sejam o aprendizado e a geração de postos de trabalho. Incentivos a jornada reduzida de trabalho juvenil parece desejável sob as duas perspectivas, possibilitando melhor qualidade de ensino assim como socializar a geração de postos de trabalho num grupo maior de pessoas, com efeitos também sobre a equidade trabalhista. Veja a pesquisa em http://www.fgv.br/cps/NemNem


Covid, Classes Econômicas e o Caminho do Meio: Crônica da Crise até Agosto de 2020

Levantamento de classes econômicas brasileiras realizado a partir de dados factuais coletados durante a pandemia mostra que o número de pobres no Brasil (renda domiciliar per capita até ½ salário mínimo) caiu 15 milhões entre 2019 e agosto de 2020. Uma queda de 23,7%, ritmo muito superior ao observado em momentos de boom social no Brasil, como nos períodos seguintes ao lançamento dos planos de estabilização como o Cruzado em 1986 e o Real em 1994, atingindo os menores níveis da série histórica com um estoque de 50 milhões de pobres. Já os estratos mais abastados com renda acima de dois salários mínimos per capita perderam 4,8 milhões de pessoas em plena pandemia. Ambos os movimentos, aliados ao crescimento populacional do período (1,6 milhões), impulsionam o contingente intermediário compreendido entre os dois intervalos. O miolo da distribuição de renda tupiniquim cresceu em cerca de 21,5 milhões de pessoas, quase meia população Argentina.  A queda simultânea no topo e na base da distribuição populacional se deve a combinação dos efeitos econômicos deletérios da pandemia à adoção de amplas medidas para mitigar os seus efeitos, como a concessão do Auxílio Emergencial (AE) e o Benefício Emergencial (BEm) trabalhista. As taxas de redução de pobreza no Nordeste (-30.4%) e Norte (-27.5%), regiões que possuem maiores parcelas do público-alvo do Auxílio Emergencial, foram superiores às demais.

Abrindo as mudanças de classes econômicas no tempo, cerca de 13.1 milhões que haviam saído da pobreza até julho de 2020 apesar da queda de renda trabalhista no primeiro trimestre da pandemia de -20.5% na média e -27.9% na metade inferior da distribuição de rendimentos, paradoxo explicado pelo Auxilio Emergencial. Apenas em agosto mais 2 milhões de brasileiros saíram da pobreza. O topo da distribuição que havia perdido 5,8 milhões de pessoas até julho, recupera um milhão em agosto, gerando no segundo momento um incremento liquido adicional de um milhão de pessoas no meio da distribuição. Esta expansão dos segmentos intermediários de renda, identificados com a chamada classe C, se deve a recuperação parcial do terremoto no mercado de trabalho em todas as classes e ao auxílio emergencial pleno. O auxilio emergencial atingiu um pico de 67 milhões de beneficiários diretos a um custo de 322 bilhões em nove meses, cujo valor supera 9 anos de Bolsa Família, conforme proposta orçamentaria de 2021. Este resumo da ópera de três classes e dois atos, é apenas o começo da crônica de uma crise. As transferências oficiais emergenciais caem à metade agora e desaparecem em 31 de dezembro quando teremos meia população da Venezuela de volta à velha pobreza apenas pelo fim do efeito-auxilio, fora novos programas sociais e as cicatrizes trabalhistas de natureza mais permanente abertas pela crise.

Para além das mudanças de renda, as PNADs Covid aferem alguns comportamentos em relação à pandemia nos diferentes estratos econômicos. O segmento mais pobre, que é alvo do Auxilio Emergencial, apresenta taxas mais baixas de isolamento social, por exemplo, em agosto, 6,15% deste grupo ficou rigorosamente isolado e 40,7% ficou em casa e só saiu por necessidade básica, nível inferior à média da população total. Estes resultados sugerem que o Auxilio Emergencial impactou mais os níveis de renda, e que os mais pobres não conseguiram exercer ações mais ajustadas às necessidades impostas pela pandemia.

Veja a pesquisa em http://www.fgv.br/cps/CovidClasses


Efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro: Desigualdades, ingredientes trabalhistas e o papel da jornada

No primeiro trimestre completo da pandemia a renda individual do trabalho do brasileiro, aí incluindo segmentos formais, informais e desocupados, apresentou queda média de 20.1%, enquanto a sua desigualdade, medida pelo índice de Gini, subiu 2.82%. Tanto o nível como a variação das duas variáveis constituem recordes negativos nas respectivas séries históricas iniciadas em 2012. 
A renda trabalhista da metade mais pobre da distribuição caiu 27.9% contra 17.5% para os 10% mais ricos brasileiros. Os principais grupos sociais perdedores da crise foram os indígenas (-28.6%), os analfabetos (-27.4%) e os jovens entre 20 e 24 anos (-26%). Todas as Unidades da Federação e suas respectivas capitais pesquisadas apresentaram quedas de renda do trabalho. Pernambuco e Recife são as localidades mais afetadas pelas vias do mercado de trabalho.
A queda de renda média de 20.1% teve como principal impulsionador a redução da jornada de trabalho média de 14.34%, enquanto a taxa de ocupação caiu 9.9%. Exercício contrafactual sugere que a taxa de ocupação cairia 22.8% se a jornada de trabalho ficasse constante. O efeito poupador de postos de trabalho da redução na jornada de trabalho socializa perdas e evita cicatrizes mais permanentes no mercado de trabalho. Este efeito foi maior entre as mulheres assim como entre os empregados privados formais mais pobres, fatos que são consistentes com a implementação da suspensão parcial do contrato de trabalho instituída após o início da pandemia.

Veja a pesquisa em https://cps.fgv.br/pesquisas/efeitos-da-pandemia-sobre-o-mercado-de-trabalho-brasileiro


Tempo para Escola na Pandemia

Qual é o tempo total dedicado ao estudo durante a pandemia? Como variaram a matrícula e a jornada escolar em casa por faixa etária? E por estrato de renda?  O tempo de estudo foi mais afetado pela falta de oferta de materiais remotos pelos gestores educacionais ou pela falta de interesse dos estudantes? Como variam todas as respostas acima por estados e pelos municípios das capitais?

O objetivo central dessa pesquisa é municiar os gestores públicos e privados de políticas educacionais e os demais atores envolvidos na educação (professores, pais e alunos) respondendo a estas perguntas e oferecendo outras informações a respeito do tempo total dedicado em casa para a escola durante a crise do Covid-19, seus determinantes próximos e a natureza dos problemas percebidos, se de oferta ou de demanda.

Propomos um indicador síntese que marca como um relógio as horas dedicadas por cada estudante potencial ao aprendizado à distância. Este indicador integra a questão discreta de estar ou não matriculado, com a marcação dos dias e das horas de fato empenhados no ensino remoto. O tempo para escola médio para o grupo de 6 a 15 anos em Agosto de 2020 calculado a partir dos microdados da PNAD Covid foi de 2,37 horas diárias por dia útil, logo inferior ao mínimo da Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDBE). Quanto mais velho é o estudante, menor é o tempo dedicado para o estudo remoto. Os adolescentes de 16 e 17 anos matriculados se dedicam relativamente mais ao ensino remoto, mas sofrem com uma maior evasão escolar, e por isso apresentam no computo geral menor tempo para escola que as crianças entre 6 e 15 anos. Há também um salto relevante a partir dos 18 anos, com queda do tempo para escola de 2,34 para 0,95 horas/dia. O principal componente que explica essa diferença é a queda da taxa de matrícula escolar de 90% para 35%, fato que já ocorria antes da pandemia.

A falta de atividades escolares percebidas pelos estudantes é mais relacionada à inexistência de oferta por parte das redes escolares do que a problemas de demanda dos próprios alunos. Enquanto 13,5% dos estudantes de 6 a 15 anos não receberam materiais dos gestores educacionais e professores, apenas 2,88% não utilizaram os materiais que receberam por alguma razão pessoal. A análise por estrato de renda mostra que quanto mais pobre é o indivíduo, menor é a frequência na escola, menor a quantidade de exercícios recebidos e, pra piorar, menor o tempo dedicado aos exercícios recebidos. Consequentemente, menor foi o tempo para escola. É importante ressaltar que os alunos mais pobres são 633% mais afetados pela falta de oferta de atividades escolares que os alunos mais ricos. Conclui-se que a desigualdade de oportunidades e de resultados educacionais aumentará durante a pandemia, quebrando tendência histórica de décadas.

A análise territorial para o grupo de 6 a 15 anos mostra que o Acre é a última colocada entre as Unidades da Federação, com menos que a metade do tempo para escola do líder Distrito Federal (1,29 e 2,96, respectivamente). Mesmo os melhores colocados entre os estados e capitais também não tiveram um tempo para escola superior à jornada escolar mínima proposta pela LDBE, que é baixa para padrões internacionais. A falta de oferta de atividade escolar se dá por falta de envio de material por parte da rede de ensino,  indo de 2,09% dos estudantes no Paraná a 45,3% no Pará. De maneira geral, alunos da região Norte também menos se envolveram com as poucas atividades que receberam, fatos que sugerem a existência de problemas de infraestrutura domiciliar e de demanda por parte desses alunos, além de um agravamento nas desigualdades regionais de educação  no Brasil pós-pandemia. Ao fim e ao cabo, os resultados apontam para uma perda do crescimento e da equidade na acumulação de capital humano, com efeitos negativos para o país no longo prazo.

Veja a pesquisa em http://www.fgv.br/cps/TempoParaEscola


Onde estão os idosos? Conhecimento contra o Covid-19

Quem são os idosos brasileiros? Como se sustentam? Onde vivem? (dados por países, estados, capitais, municípios e vizinhanças críticas). O objetivo é ajudar o desenho de políticas para mitigar os efeitos mais graves da pandemia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas idosas estão mais propensas a desenvolver um quadro severo da doença, e uma maior taxa de letalidade. Localizar os idosos é fundamental, dada a natureza mundial da crise do Covid-19 e a diferenciação de suas consequências nos diversos estratos sociais, econômicos e geográficos. O desafio é pensar global para agir local. Somos todos responsáveis pela proteção dos nossos idosos. A pesquisa disponibiliza um amplo e amigável banco de dados interativo com mapas, rankings, tabuladores e simuladores de modelos estatísticos sobre anciãos de diversas faixas etárias. Permitindo, assim, estudar a distribuição de renda e de educação, o acesso a moradia e a meios de comunicação entre outras dimensões. O conjunto da obra permitirá a cada um dar respostas sobre o tema.

Veja a pesquisa em http://www.fgv.br/cps/covidage 

 


Qual foi o Impacto Imediato da Pandemia do Covid sobre as Classes Econômicas Brasileiras?

Levantamento de classes econômicas brasileiras realizado a partir de dados factuais coletados durante a pandemia mostra que o número de pobres no Brasil (rendas per capita menores que ½ salário mínimo) caiu 13,1 milhões entre 2019 e julho de 2020. Uma queda de 20,69%, ritmo muito superior ao observado em momentos de boom social no Brasil, como nos períodos seguintes ao lançamento dos planos de estabilização como o Cruzado em 1986 e o Real em 1994. Já os estratos com rendas per capita acima de dois salários mínimos per capita perderam 5,8 milhões de pessoas em plena pandemia. Ambos os movimentos impulsionam o contingente populacional intermediário compreendido entre os dois intervalos. Portanto, o miolo da distribuição de renda tupiniquim cresceu em cerca de 20,5 milhões de pessoas, quase meia população Argentina.  A queda populacional simultânea no topo e na base da distribuição se deve a combinação dos efeitos econômicos deletérios da pandemia à adoção de medidas para mitigar os seus efeitos, como a concessão do Auxílio Emergencial. As taxas de redução de pobreza no Nordeste e Norte, regiões que possuem maiores parcelas do público-alvo do Auxílio Emergencial, foram superiores às demais.

Para além das mudanças de renda, a PNAD Covid de Julho de 2020 afere alguns comportamentos em relação à pandemia nos diferentes estratos econômicos. O segmento  mais pobre, que é alvo do Auxilio Emergencial, apresenta taxas mais altas de isolamento social, por exemplo, 27,8% deste grupo ficou rigorosamente isolado e 48,3% ficou em casa e só saiu por necessidade básica, nível superior em 4 a 5 pontos de porcentagem em relação ao total da população. Estes resultados sugerem que o Auxilio Emergencial impactou não só a renda, mas também os comportamentos mais ajustados às necessidades impostas pela pandemia. Porém, a manutenção deste auxílio não se mostra fiscalmente sustentável.

Veja a pesquisa em https://www.cps.fgv.br/cps/CovidEClasses/