Os Efeitos Macroeconômicos das Transferências Sociais: Uma Abordagem de Matriz de Contabilidade Social - Neri, Marcelo Cortes, Souza, Pedro Herculano, Vaz, Fábio Monteiro
Sobre o paper:
As transferências do governo para indivíduos e famílias desempenham papel central no caso brasileiro, representando quase 14 por cento do PIB em 2009. Embora seus impactos fiscais e redistributivos já tenham sido amplamente estudados, os efeitos macroeconômicos das transferências são mais raros. Construímos uma Matriz de Contabilidade Social (MCS) referente a 2009 e estimaram os multiplicadores contábeis de curto prazo para sete transferências monetárias governamentais distintas . A MCS é uma matriz quadrada de dupla entrada que descreve os fluxos de renda da economia. A maioria dos dados foi compilada a partir das Contas Nacionais do Brasil de 2009 e da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009. Nossa MCS foi desagregada em 56 setores, 110 produtos, 200 grupos de famílias e sete fatores de produção (capital e mais seis tipos de trabalho por escolaridade). Finalmente, realizamos uma série de regressões para separar o consumo das famílias em componentes "exógenos" (ou "autônomos") e "endógenos". Mais especificamente, estimamos os efeitos de uma injeção exógena em cada uma das transferências governamentais. Todas as outras contas são, portanto, endógenas. Os vazamentos endógenos da demanda – como poupanças, impostos e importações – são cruciais para determinar o efeito multiplicador de uma injeção exógena, pois permitem que o sistema volte ao equilíbrio. O modelo pressupõe que a oferta seja perfeitamente elástica face a injeções na demanda. Assume que a propensão das famílias a poupar e o perfil de consumo sejam fixos – isto é, o aumento da renda não provoca mudanças no comportamento. O Programa Bolsa Família tem o maior efeito, se o governo aumentasse os gastos com o Bolsa Família em 1 por cento do PIB, a atividade econômica como um todo aumentaria 1,78 por cento. Outra transferência focalizada, o Benefício de Prestação Continuada, vem em segundo lugar. Três transferências – a previdência do setor privado e dos servidores públicos e os saques do FGTS – tiveram multiplicadores menores do que. Assim, sob os pressupostos rígidos de nosso modelo, os resultados confirmam, de modo geral, a hipótese de que grande parte das transferências do governo direcionadas aos pobres é mais expansionista. Naturalmente, deve-se ressaltar que os multiplicadores relacionam injeções marginais nas transferências do governo ao desempenho da demanda que só afetará provocará expansão da renda real com capacidade ociosa caso contrário teremos mais inflação o que o modelo desenvolvido ajuda a traçar cenários. No longo prazo, não há dúvida de que o que realmente importa é a expansão da capacidade produtiva do país.