FGV Social lança a pesquisa "INSEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL"

25/05/2022

FGV Social lança pesquisa com os últimos dados disponíveis sobre insegurança alimentar a partir do processamento do Gallup World Poll. Comparando o Brasil com 160 países, desde 2006, com recortes de renda, educação, gênero e idade.

Fome na pandemia - A parcela de brasileiros que não teve dinheiro para alimentar a si ou a sua família em algum momento nos últimos 12 meses subiu de 30% em 2019 para 36% em 2021, atingindo novo recorde da série iniciada em 2006. É a primeira vez desde então que a insegurança alimentar brasileira supera a média simples mundial. Comparando a média simples dos mesmos 120 países com o Brasil, antes e durante a pandemia, a insegurança alimentar subiu 4,48 pontos percentuais mais aqui, que no conjunto de países (aumento percentual quatro vezes maior no Brasil), sugerindo ineficácia relativa de ações nacionais.

Piora dos pobres - O aumento da insegurança alimentar entre os 20% mais pobres no Brasil durante a pandemia foi de 22 pontos percentuais, saindo de 53% em 2019 chegando a 75% em 2021, nível próximo do país com maior insegurança alimentar da amostra Zimbawe (80%). Já os 20% mais ricos, experimentaram queda de insegurança alimentar de três pontos percentuais (indo de 10% para 7%,  pouco acima da Suécia (5%) o país com menos insegurança alimentar). Na comparação com média global de 122 países em 2021, nossos 20% mais pobres tem 27 pontos percentuais a mais de insegurança alimentar enquanto nossos 20% mais ricos apresentam 14 pontos percentuais a menos. Altos níveis e aumentos de desigualdade de insegurança alimentar brasileira por renda são também encontrados por níveis de escolaridade.

Feminização da fome – Observamos crescente e marcada assimetria de insegurança alimentar entre homens e mulheres no Brasil.  De 2019 a 2021, houve aumento de 14 pontos percentuais entre as mulheres (sobe de 33% para 47%) e queda de 1 ponto percentual para homens (cai de 27% para 26%). Como resultado, a diferença entre gêneros da insegurança alimentar em 2021 é 6 vezes maior no Brasil do que na média global. As mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças e gerando consequências para o futuro do país, uma vez que subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais para toda vida.

Perspectivas – Evidenciamos um paralelo entre medidas de insegurança alimentar e com indicadores de pobreza baseada em renda no Brasil. Mostramos a relevância atribuída ao tema pela população aqui a partir de pesquisas subjetivas. Avaliamos prospectivamente o impacto das mudanças introduzidas em programas de combate à pobreza vis a vis ao cenário corrente de estagflação especialmente prevalente entre os pobres brasileiros.

Veja a pesquisa completa no site
(com rankings e mapas interativos):


https://cps.fgv.br/FomeNaPandemia



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