UPP² e a Economia da Rocinha e do Alemão: Do Choque de Ordem ao de Progresso
Sobre a pesquisa:
Confira a pesquisa completa em www.fgv.br/cps/favela2
Nosso ponto de partida é a constatação que moradias iguais têm aluguéis 25% mais depreciados nas favelas do que no restante da cidade. Isto é o "efeito-favela" sobre o valor dos imóveis. Agora na comparação do pré e pós UPP esta situação começa a mudar. Os aluguéis subiram, após as UPPs, 6,8% mais nas favelas que no asfalto.
As favelas não são um bloco monolítico. As UPPs implantadas em diferentes favelas terão impactos econômicos diferenciados. Nos debruçamos sobre as duas maiores favelas cariocas, Rocinha e Alemão. Uma vasta gama de indicadores revela na Rocinha condições de trabalho na superiores, enquanto as de habitação são inferiores por aglomeração e falta de infraestrutura privada e pública. Estas diferenças entre as grandes favelas tendem a crescer no pós-UPP. Há menor presença do Estado na Rocinha em quase todas as dimensões analisadas (assistência social, educação saúde, segurança, etc). A pujança privada não surpreende, mas a precariedade pública da favela na área mais rica constitui o paradoxo da Rocinha. Há um último aspecto sistemático que é a baixa esperança relativa dos moradores da Rocinha (pré-UPP) frente às possibilidades de transformação. Esta mudança de percepções e atitudes, talvez seja o maior desafio da intervenção. A interpretação e disponibilização de amplo banco de dados subjetivos dos moradores das favelas captados na objetividade dos números é a principal contribuição empírica deste estudo. Ele permite que cada um olhe para as favelas desde uma perspectiva própria a partir das respostas dadas em amostras pelos moradores destas comunidades (150 mil entrevistas).