O Índice de Desenvolvimento Humano Percebido - Neri, Marcelo Cortes

Dezembro/2008

Sobre o paper: 

Este texto tem como objetivo consolidar aspectos da percepção da população sobre desenvolvimento humano em um indicador subjetivo sintético. O objetivo é construir um Índice de Desenvolvimento Humano Percebido (IDH-P) usando os componentes do IDH, leia-se renda, saúde e educação em sua versão subjetiva. Também foi posteriormente adicionada à análise a dimensão das condições de trabalho. Primeiramente, é feita uma análise das prioridades da população brasileira em termos de políticas públicas vis-à-vis a população mundial através do questionário da pesquisa Meu Mundo (My World), da ONU, incorporado no SIPS. As prioridades mundiais são “Educação de qualidade” e “Melhoria dos serviços de saúde”, nesta ordem, no caso brasileiro há inversão da ordem destas prioridades, com saúde aparecendo em 85,5% dos questionários e educação em 81,8% deles.  De toda forma, os três elementos de destaque tanto no Brasil, como no mundo representam os três componentes do IDH.

A aplicação de análise de componentes principais a mais de duas dezenas de questões subjetivas permite eliminar a redundância entre questões similares, revelando convergência de temas em duas vertentes, indicadores de chances e versus de resultados e a dicotomia existente entre indicadores internos sobre o status do indivíduo e percepções externas sobre o meio e as políticas associadas. É explorada ainda a relação entre os respectivos componentes do IDH e do IDH-P, e a partir dos resultados tem-se que as percepções dos indivíduos com renda, educação, saúde e trabalho são relativamente aderentes com os seus homólogos objetivos. Em particular, quando tratamos sobre percepções internas sobre o status do indivíduo e menos sobre as percepções externas sobre as políticas associadas. Apresenta-se um ranking do IDH-P para mais de uma centena de paises.

Investigaram-se ainda os pesos atribuídos a cada um dos três componentes do IDH-P para a satisfação com a vida reportada pelos indivíduos. Os resultados sugerem que a soma dos pesos atribuídos a cada um deles não é distante em ordem de grandeza dos estimados a partir de uma equação similar de satisfação com a vida em relação aos indicadores objetivos do IDH, mas diferente da métrica de igualdade de pesos que é usada no cálculo do IDH padrão. Por outro lado, rejeitamos a hipótese de que diferentes faixas etárias conferem pesos diferenciados aos componentes do IDH. De forma geral, a construção do IDH-P permite, por meio de um indicador sintético de cunho subjetivo, análises complementares àquelas realizadas com o IDH tradicional.