O Futuro, o País e a Agenda do ‘País do Futuro’ - Neri, Marcelo Cortes
Sobre o paper:
RESUMO
Este texto aborda a percepção de felicidade no tempo, e na relação entre percepção individual sobre a sua vida e sobre a vida do país. Por meio da reprodução de questões de pesquisas internacionais no Brasil estabelece comparação mais detalhada do Brasil com mais de uma centena de países. O exercício lança algumas luzes sobre a agenda de políticas públicas pregressas e prospectivas.
Na análise temporal, o Brasil apresentou entre 2010 e 2015 a nota mais alta de felicidade futura por cinco vezes consecutivas. Numa escala de 0 a 10, o brasileiro deu uma nota média de 8,6 à sua expectativa de satisfação com a vida em 2015, a maior de todos os países pesquisados. A média mundial é 6,7. Este fato fornece indícios sobre questões do país como a baixa propensão a poupança e a alta da taxa de juros vigentes.
O jovem, tal como o brasileiro, acredita que o melhor da vida ainda está por vir, refletido na queda da satisfação prospectiva declinar ao longo do ciclo de vida. Mais que um país de jovens na sua composição demográfica, o Brasil é um país habitado por jovens de espírito. A média de felicidade futura do brasileiro entre 15 e 29 anos esteve sempre acima de 9 pontos nos cinco anos analisados, marca nunca atingida pelos jovens de mais de uma centena de países pesquisados. Assim, o Brasil é pentacampeão mundial invicto de felicidade futura, ou de atitude jovem. Isto possibilita reconciliar duas qualificações atribuídas ao Brasil: “o país do futuro”, por uns, e “país jovem”, por outros.
Em relação a aspectos ligados a coletividade, percebe-se baixa expectativa do brasileiro quanto à felicidade geral da nação em comparação com a média da felicidade individual calculada para cada um. Há uma alta dissonância de cerca de 30% entre a visão prospectiva de cada brasileiro sobre sua vida e a visão sobre o conjunto do país. Este elemento seria consistente com a maior importância assumida no contexto nacional por problemas associados a ações coletivas, como alta inflação, desigualdade e violência. Estes problemas tornam o todo menor que a soma das partes, exigindo mobilização e coordenação da sociedade. A agenda de transformações que se coloca no país tem esta natureza coletiva, como os problemas urbanos brasileiros e de governança.
REFERÊNCIAS
Este paper foi publicado em:
Livro
NERI, Marcelo C. O Futuro, o País e a Agenda do "País do Futuro". In: Marcelo Côrtes Neri; Fábio Schiavinatto. (Org.). SIPS 2014: percepções da população sobre políticas públicas. 1ed.: , 2014, v. 1, p. 355-366.
Site
NERI, Marcelo C. O Futuro, o País e a Agenda do "País do Futuro". 2014. FGV Repositório Digital. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/19361>
NERI, Marcelo C. O Futuro, o País e a Agenda do "País do Futuro". 2014. FGV Social. Disponível em: <https://cps.fgv.br/o-futuro-o-pais-e-agenda-do-pais-do-futuro>