“Unir o país será o maior desafio do próximo governo”

08/11/2022

''Lula tem que ser um Nelson Mandela tupiniquim'' – A comparação feita pelo diretor do FGV Social, Marcelo Neri, foi publicada pelo jornalista Ancelmo Gois, em sua coluna no jornal O Globo: “O maior desafio de Lula será unir o país. Não apenas no combate à pobreza e à desigualdade elencado, tal como na sua primeira eleição para presidente, mas também no sentido ''socioemocional''. Lula terá de ser uma espécie de ‘Nelson Mandela tupiniquim'', combatendo o ‘apartheid'' de desconfiança e ódio que dividem a nação. ” 

A analogia não é nova. Há 11 anos, em 2011, Neri já dizia que “Lula é o Nelson Mandela tupiniquim", e por esse motivo foi criticado pelo Augusto Nunes (depois jornalista da Jovem Pan) em sua coluna na Revista Veja.  

Para Neri, na África do Sul era difícil antecipar a transição que Mandela conseguiu fazer, vale daí como inspiração: nós também podemos. Para ele, os mais radicais de direita brasileiro são até moderados perto dos grupos pró-apartheid sul africanos. Neri já apontava em 1998 antes da desigualdade brasileira  que o Brasil era quase tão desigual quanto a África do Sul. Neri lembra hoje em 2022 que o Índice de Gini (usado para medir a desigualdade indo de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade) na África do Sul é de 0,67 e no Brasil está em torno de 0,55.

Há ainda outras comparações, Mandela usou a Copa do Mundo de Rúgbi de 1995 como catalisador para unir o seu país entorno da paixão pelo esporte; neste momento no Brasil, como primeiro ato pós eleição, Lula tenta projetar o país internacionalmente realizando a união com a agenda do meio ambiente através do evento mundial da COP27.

Em 2013 quando Nelson Mandela faleceu, por coincidência, Neri estava na África do Sul chefiando delegação do Brasil como ministro de Assuntos Estratégicos na cúpula  dos NSAs dos BRICS: “gestos de Mandela marcaram a História da África do Sul e do mundo. Sua liderança possibilitou a transição surpreendentemente pacífica dos filhos deste solo. Hoje, a África do Sul, tal como o Brasil, pode não ser ainda uma superpotência econômica, mas é, sem dúvida, uma potência do poder suave (soft power)”, disse então.