Rio é o estado mais afetado no mercado de trabalho durante a pandemia

06/04/2021

 

O Rio é o estado brasileiro onde a pandemia causou os maiores estragos quando olhamos para a ocupação dos trabalhadores. O estado também é o campeão na mudança de local de trabalho. Entre todos os brasileiros, os fluminenses foram os que mais perderam emprego. O estado do RJ teve a maior queda na taxa de ocupação entre todas as 27 unidades da federação: caiu 14,28% entre último trimestre de 2019 (de 44,2%) ao último trimestre de 2020 (para 37,89%).

 

 

Onde a taxa de Ocupação caiu mais na pandemia?  
Entre o 4º trimestre de 2019 e o 4º trimestre de 2020

Fonte:  FGV Social/CPS através do processamento dos microdados da PNADC

 

Olhando para aqueles que se mantiverem ocupados, o Rio também é o estado onde os ocupados foram mais afetados em termos de local de trabalho (19,55% dos trabalhadores mudaram de local).

 

Onde mudou mais o local em que costuma trabalhar na pandemia? (% entre os ocupados)

Fonte:  FGV Social/CPS através do processamento dos microdados da PNAD Covid

 

Segundo Marcelo Neri, diretor do FGV Social: “Existem grupos que são mais penalizados pela pandemia, independente da classe social, como os idosos que mudaram o seu local de trabalho pela maior vulnerabilidade ao Covid-19, e as mulheres que estão sofrendo com a dupla jornada. Além do grupo sem internet, os idosos e as mulheres são os mais afetados em termos de mercado de trabalho”. Segundo dados do FGV Social, a taxa dos que mudaram seu local de trabalho entre os Idosos, grupo mais vulnerável ao Covid, foi de 27,35% contra 13,44% dos jovens de 15 a 19 anos. Já as mulheres, penalizadas pela jornada dupla, foi de 23,39% contra 16,87% dos homens. Pessoas com acesso à internet em casa foi de 21,33% contra 6,45% dos sem internet.

Os trabalhadores mais pobres são os que mais precisam sair de casa para conseguir renda. Trabalhar fazendo home office é um privilégio das classes A e B, onde estão empregadores, trabalhadores da ciência ou intelectuais, dirigentes e funcionários públicos.

Os dados do FGV Social mostram que mudar o local de trabalho é um privilégio usado mais por pessoas da classe AB (27,03% contra 7,96% dos pobres); funcionários públicos (34,81%), empregadores (21,17%) empregados formais (20,05% contra 14,27% dos autônomos e 13,47% dos empregados informais que não conseguem ajustar o local de trabalho); pessoas com diploma de ensino superior (40,06% contra 6,71% daqueles com fundamental incompleto); profissionais da ciência e intelectuais (48,45%) e dirigentes (42,63% contra trabalhadores dos serviços e vendedores do comércio com 5,91% e da agricultura com 5,56%).

Desigualdade - O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda per capita do trabalho, subiu 9 pontos no Rio durante a pandemia e agora está acima da média nacional, fazendo com o que o estado seja o mais desigual que a nação. Segundo Marcelo Neri, “o Rio de Janeiro deu salto triplo de desigualdade. A desigualdade da renda do trabalho, que é mais duradoura, cresceu com a pandemia. O Rio é o 20º entre as 27 unidades da federação em ‘desigualdade trabalhista’ (Era. Vale lembrar que o Rio é um estado extremamente vulnerável à pandemia: tem uma grande população idosa, além do enorme número de informais)."

Fonte:  FGV Social/CPS através do processamento dos microdados da PNADC

 

Confira as reportagens abaixo: 
 

RJTV (TV Globo) – “Pandemia prejudicou mais o trabalhador que ganha menos”
https://www.cps.fgv.br/cps/bd/clippings/midias/yc0226.mp4

Jornal da GNews (Globo News) – “Desigualdade no estado do Rio de Janeiro está crescendo mais que no resto do país”
https://www.cps.fgv.br/cps/bd/clippings/midias/yc0225.mp4