FGV Social lança a pesquisa: Efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro

10/09/2020

Efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro: Desigualdades, ingredientes trabalhistas e o papel da jornada (Coordenação: Marcelo Neri - FGV Social)


A nova pesquisa do FGV Social, a partir dos últimos microdados disponíveis, tem como objetivo responder as seguintes questões:

1) Qual foi o impacto  da crise do Covid-19 sobre a desigualdade e a média de rendimentos trabalhistas individuais?; 

2) Quem foi mais afetado no mercado de trabalho ? - Isto se refere tanto a grupos sociais (educação, raça, idade e etc.) como lugares (estados, capitais, metrópoles e etc.);

3) Quais foram os principais canais de transmissão da crise no mercado de trabalho brasileiro? (ingredientes trabalhistas clássicos como desemprego, participação, salário-hora, jornada de trabalho, etc.);

4) Qual foi o papel das políticas públicas para atenuar os impactos trabalhistas da pandemia? (em particular a suspensão temporária parcial  do contrato de trabalho .

 

RESUMO

No primeiro trimestre completo da pandemia a renda individual do trabalho do brasileiro, aí incluindo segmentos formais, informais e desocupados, apresentou queda média de 20.1%, enquanto a sua desigualdade, medida pelo índice de Gini, subiu 2.2%. Tanto o nível como a variação das duas variáveis constituem recordes negativos nas respectivas séries históricas iniciadas em 2012.

A renda trabalhista da metade mais pobre da distribuição caiu 27.9% contra 17.5% para os 10% mais ricos brasileiros. Os principais grupos sociais perdedores da crise foram os indígenas (-28.6%), os analfabetos (-27.4%) e os jovens entre 20 e 24 anos (-26%). Todas as Unidades da Federação e suas respectivas capitais pesquisadas apresentaram quedas de renda do trabalho. Pernambuco e Recife são as localidades mais afetadas pelas vias do mercado de trabalho.

A queda de renda média de 20.1% teve como principal impulsionador a redução da jornada de trabalho média de 14.34%, enquanto a taxa de ocupação caiu 9.9%. Exercício contrafactual sugere que a taxa de ocupação cairia 22.8% se a jornada de trabalho ficasse constante. O efeito poupador de postos de trabalho da redução na jornada de trabalho socializa perdas e evita cicatrizes mais permanentes no mercado de trabalho. Este efeito foi maior entre as mulheres assim como entre os empregados privados formais mais pobres, fatos que são consistentes com a implementação da suspensão parcial do contrato de trabalho instituída após o início da pandemia.

 

>> Acesse o sumário executivo e o banco de dados para analisar a sua localidade ou grupo social de interesse: http://www.fgv.br/cps/Covid&Trabalho