FGV Social lança a pesquisa "Desigualdade de Impactos Trabalhistas na Pandemia"

09/09/2021

Diferentes pessoas são impactadas de maneira diferenciada pandemia do Covid-19. Nosso objetivo é fornecer uma visão ampla e atual da desigualdade de impactos trabalhistas da pandemia no Brasil.

Frustração trabalhista - A renda individual média do brasileiro incluindo informais, desempregados e inativos se encontra hoje -9,4% abaixo do nível do final de 2019. Na metade mais pobre esta perda de renda é de -21,5%.  A queda de renda entre os 10% mais ricos foi de -7,16%, menos de 1/3 da queda de renda observada na metade mais pobre. Pouco mais da metade da queda de renda dos mais pobres, -11,5% foi devido ao aumento de desemprego. Além disso, contingente de trabalhadores se retirou do mercado. O efeito-desalento resultou em queda de renda 8,2% neste grupo.

Quem perdeu mais? – Os principais perdedores de renda individual foram os moradores da região Nordeste (-11,4%); as mulheres que tiveram jornada dupla de cuidado das crianças em casa (-10,35%), os idosos por terem de se retirar do mercado de trabalho função da maior fragilidade em relação ao Covid-19 (-14,2% de perda). 

Perda na base – A renda per capita que já tinha caído 14,1% do ápice de R$ 255 no quarto trimestre de 2014 (2014.04) para R$ 219 no quarto trimestre de 2019 (2019.04). Deste ponto até o segundo trimestre de 2021 (2021.02) cai 21,5% chegando a R$ 172.

Desigualdade em alta – O índice de Gini que já havia aumentado de 0,6003 para 0,6279 entre os quartos trimestres de 2014 e 2019 saltou na pandemia atingindo 0,640 no segundo trimestre de 2021  acima de toda série histórica pré-pandemia.

Pobreza – A proporção de pessoas com renda abaixo da linha de pobreza de R$ 261 por pessoas era, antes da pandemia, 10,97%, passando em setembro 2020 o melhor ponto da série função da adoção do Auxílio Emergencial pleno para 4,63%, 9,8 milhões de brasileiros. No primeiro trimestre de 2021 função do Auxílio Emergencial suspenso, atinge 16,1% da população. 34,3 milhões de pobres correspondendo a 25 milhões de novos pobres. Finalmente com a adoção do novo auxilio em escala reduzida com duração limitada a partir de abril de 2021 com alguma retomada 12,98%, 27,7 milhões de pobres pior do que antes da pandemia do Covid.

Estagflação – A recente aceleração das taxas de desemprego e de inflação com consequências distributivas.  Nos 12 meses terminados em julho de 2021 a inflação dos pobres foi 10,05%, 3 pontos de percentagem maior que a inflação da alta renda, segundo estimativas do Ipea. Nos nossos cálculos a taxa de desemprego da metade mais pobre subiu na pandemia de 26,55% para 35,98%. Já entre os 10% mais ricos a mesma foi de 2,6% para 2,87%. Isto significa que o chamado índice de desconforto proposto por Arthur Okun, composto pela soma simples das taxas de desemprego e de inflação não só subiu como subiu muito mais entre os mais pobres.


Visite o site da pesquisa em 
https://cps.fgv.br/DesigualdadePandemia

 


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