Como Vai a Vida? Entendendo a Economia da Felicidade - Neri, Marcelo Cortes
Sobre o paper:
RESUMO
O trabalho analisa empiricamente a relação entre renda e felicidade. Em primeiro lugar, a evolução recente a partir dos microdados do Gallup World Poll que o brasileiro está no seu menor nível de felicidade. Em uma escala de 0 a 10 o brasileiro deu uma nota de 6,2 à sua satisfação com a vida em 2018. É o ponto mais baixo das séries iniciadas em 2006. A queda começa em 2013 quando a nota média era 7,1. Comparando o Brasil com outros 143 países, temos uma das três piores quedas globais no período. O Brasil está apenas atrás de Malawi e Zimbawe em termos de perda de felicidade presente desde 2014. A relação entre renda e felicidade é clara na foto e no filme: nota 7 para os 20% mais ricos contra 6,2 para o total. Ainda olhando para a renda, o grupo que menos perdeu foram o de maior renda consistente com o aumento de desigualdade observada. Apesar da pior nota de felicidade da série histórica, nossa colocação ainda é 37º de 143 países. Já havia uma retomada da economia, ainda que tímida desde 2016; e mesmo assim a nota de felicidade continuou caindo; outros aspectos permitem explicar isso como o aumento da desigualdade, do desemprego e descrédito generalizado no sistema (desconfiança no governo federal, desaprovação da liderança política, etc.).
A segunda parte mais estrutural do texto é detalha mais a análise da relação entre renda e felicidade. A partir da incorporação de perguntas específicas aos questionários do SIPS de pesquisas consagradas foi possível detalhar especificamente questões nacionais e compará-las internacionalmente. A estimativa de uma “função felicidade”, estabeleceu os pesos atribuídos a cada componente do IDH para a satisfação com a vida. Os resultados indicam que a renda explicaria cerca de 66% da variação da satisfação contra 31% da expectativa de vida, ficando menos de 3% explicados pelos componentes de educação. Outros resultados mostram relação positiva entre a satisfação com a vida e a renda, tanto no mundo como no Brasil. No entanto, percebe-se que a felicidade brasileira é relativamente pouco sensível à renda, sendo o país com a menor correlação entre as duas variáveis na comparação internacional. Boa parte da relação entre renda e felicidade no Brasil é explicada pela passagem daqueles sem renda alguma para a faixa de menor renda, a relação controlada por diversos fatores socioeconômicos entre variação de renda implícita na expansão do Bolsa Família e variação de felicidade da mesma pessoa ao longo do tempo indicam que os beneficiários do programa ganham um adicional de 0,41 ponto de felicidade em relação aos não beneficiários, mais do que outros programas.
REFERÊNCIAS
Este paper foi publicado em:
Livro
NERI, Marcelo C.. A Felicidade Acompanha a Renda?. In: Marcelo Côrtes Neri; Fábio Schiavinatto. (Org.). SIPS 2014: percepções da população sobre políticas públicas. 1ed.Brasília: IPEA, 2014, v. 1, p. 285-307.
Site
NERI, Marcelo C. Como Vai a Vida? Entendendo a Economia da Felicidade. 2019. FGV Repositório Digital. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/27341>
NERI, Marcelo C. Como Vai a Vida? Entendendo a Economia da Felicidade. 2019. FGV Social. Disponível em: <https://cps.fgv.br/como-vai-vida-entendendo-economia-da-felicidade>