Impactos Sociais do Bilhete Único Intermunicipal no Grande Rio

Novembro/2010

Sobre a pesquisa: 

Acesse a pesquisa na íntegra em www.fgv.br/cps/bu
Sobre a pesquisa:

Os principais desafios das metrópoles estão, de alguma maneira, relacionados ao transporte público: emprego, renda, meio ambiente, moradia, segurança, acesso à saúde e educação. No caso do Rio, a questão do transporte público torna-se premente por ser o estado mais metropolitano da federação. A despesa de transporte  ocupa parcela maior do orçamento familiar do que a de alimentação. Em fevereiro, o governo do estado implantou o Bilhete Único (BU) no Grande Rio. A iniciativa corresponde ao primeiro Bilhete Único intermunicipal do país. Leia-se subsídio direto aos usuários de transportes intermunicipais, proporcionando redução no custo da viagem. O subsídio vale para viagens entre os municípios do Grande Rio, para todos os modais de transporte público (barca, trem, metrô, ônibus e vans legalizadas). O BU trouxe ao Grande Rio um instrumento capaz de baratear o transporte de cada dia e torná-lo mais racional, valorizando o transporte coletivo legalizado.

Agora, qual o impacto do BU na vida das pessoas? A pesquisa realiza  diagnóstico empírico sobre transporte em geral e o transporte público em particular a partir do processamento de inúmeras bases de microdados em várias metrópoles brasileiras. 

O principal objetivo é quantificar possíveis “Efeitos do Bilhete Único” associados à sua operação, tal como o impacto direto sobre o orçamento e o bem estar de cada clientela potencial do BU, pela transferência de renda e pela ampliação de escolha do seu público.  Há ainda o efeito direto sobre o tempo de transporte que pode ser traduzido em termos monetários usando os rendimentos do trabalho de cada trabalhador. Há ainda potencialização da operação de outras ações públicas e privadas.  O BU pavimenta os caminhos do cidadão ao Estado e aos mercados, emanando externalidades para além de sua área de atuação. Exemplificando, o BU melhora o acesso à saúde pública e torna o mercado de trabalho mais integrado na busca de emprego e nas chances de formalização. Do ponto de vista de avaliação prospectiva de impactos pesquisamos as lições emanadas da introdução do Bilhete Único no município de São Paulo. O chamado “experimento paulistano”  permite captar os efeitos do BU sobre diversas dimensões detalhadas mais abaixo.

 

O site da pesquisa apresenta sistemas de provisão de informação interativos e amigáveis com produtos em linguagem acessível que permitem responder perguntas simples como: Qual o seu tempo de transporte? Qual o uso e o custo de diferentes modalidades de transporte público (ônibus municipal, ônibus intermunicipal, trens, barcas etc) e privado (carro, moto, a pé, bicicleta etc)? Quanto custa o tempo perdido no transporte?  etc

 

Detalhamento:

A pesquisa procura dimensionar estas possibilidades de forma que cada um possa refeletir sobre os problemas e as possibilidades de melhora no dia a dia do transporte na sua cidade. A miríade de impactos do Bilhete Único estão ilustradas no esquema abaixo:

 

 Começamos com o impacto direto sobre o orçamento e o bem estar de cada clientela potencial do BU, pela transferência de renda e pela ampliação de escolha do seu público.  Neste último caso há que se basear em pesquisa de satisfação de usuários de transporte público. Há ainda que perguntar ao não usuário de transporte  pois eles estão sujeitos às externalidades  das baixas quantidade e qualidade do transporte coletivo tal como engarrafamentos e poluição. Há ainda o efeito direto sobre o tempo de transporte que pode ser traduzido em termos monetários usando os rendimentos do trabalho de cada trabalhador. Embora sem sinal a priori definido pois as pessoas podem resolver morar mais longe do local de trabalho num lugar mais aprazível ou mais barato.  Da mesma forma que a priori é indeterminado o impacto do programa sobre as despesas agregadas de transporte, isto vai depender das elasticidades subjacentes. Se o preço cai a quantidade demandada sobe. O que se poderia intuitivamente esperar é que as despesas  transporte individual com transporte alternativo ilegal caiam.

Há ainda o efeito indireto mas não menos importante da potencialização da operação de outras ações públicas e privadas.  O BU pavimenta os caminhos do cidadão ao Estado e aos mercados, emanando externalidades para além de sua área de atuação. Exemplificando, o BU melhora o acesso à saúde pública ou melhora a educação mais específica não sujeita a gratuidades como curso técnico e ou superior, ou ainda a educação básica mas que encontra deficiências de transporte escolar, e/ou de escolas distantes.

Por último, mas não menos importante, o Bilhete Único torna potencialmente o mercado de trabalho mais integrado na busca de emprego, no barateamento do Vale Transporte, na ida ao posto de trabalho o que pode finalmente redundar na formalização do trabalhador da periferia.

Textos