Qual foi o impacto da pandemia no trabalho e no estudo dos jovens? E nos nem-nem?
Estudos recentes realizados pelo FGV Social mostram uma alta vulnerabilidade dos mais jovens brasileiros em tempos de crise. Estes choques podem deixar marcas permanentes, o chamado efeito-cicatriz, sobre a trajetória de ascensão social de toda uma geração. Com base nessas evidencias, decidimos dedicar um olhar especial ao impacto da pandemia em curso no trabalho e no estudo dos jovens de hoje (Geração Covid).
Inicialmente, descrevemos através dos microdados da PNADC a evolução das combinações de status do binômio educação e trabalho entre jovens, em particular, que estão fora da ocupação no mercado de trabalho e de instituições educacionais. Essas estatísticas, os chamados “nem-nem” oferecem alternativa útil para descrever os maiores desafios desta fase de transição da infância à idade adulta no ciclo da vida dos indivíduos. A má notícia é que com a chegada da pandemia depois de 2019.4 (leia-se último trimestre de 2019) a taxa de jovens nem-nem que se encontrava em 23,66% acelera, chegando ao recorde histórico de 29,33% no segundo trimestre do ano, depois refluindo para 25,52% até 2020.4.
O estudo aponta em tempo hábil, o que é fundamental para reações de política, especialmente no período de pandemia, marcadas perdas trabalhistas de ocupação para o conjunto dos jovens na pandemia, ampliando sobremaneira a magnitude das mesmas observadas nos últimos seis anos. Só na pandemia a desocupação na faixa de 15 a 29 anos sobe de 49,37% para 56,34%. Este é o fator dominante exercido nas medidas do uso do tempo dos jovens.
Por outro lado, revelamos surpreendente queda da taxa de evasão escolar durante a pandemia, que se faz está presente em todos os grupos jovens, atingindo o nível mais baixo da série em 2020.4 com 57,95% de 15 a 29 anos, era 62,2% em 2019.4. A combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas) podem explicar a menor evasão. De qualquer forma, há que tirar partido da oportunidade e, por exemplo, promover inclusão digital e novos conteúdos educacionais remotos.
O estudo apresenta uma série de mapas que detalham estas mudanças entre estados brasileiros que tem uma serie de responsabilidades em relação a problemas que afligem aos jovens a começar pelo ensino médio, ações para desempregados, políticas de segurança e de transito e entre outras.
Por fim, há que se olhar para imagem invertida no espelho dos nem-nem, enfocando também aqueles que exercem jornada dupla. É preciso incorporar os tons de cinza no diagnóstico e nas políticas propostas. As extensões das jornadas de trabalho e escolares determinam a performance nessas duas frentes. No que tange ações há que se buscar a conciliação entre estudo e trabalho graduando parâmetros de forma atender os objetivos de política finais, quais sejam o aprendizado e a geração de postos de trabalho. Incentivos a jornada reduzida de trabalho juvenil parece desejável sob as duas perspectivas, possibilitando melhor qualidade de ensino assim como socializar a geração de postos de trabalho num grupo maior de pessoas, com efeitos também sobre a equidade trabalhista.
Visite o site da pesquisa em http://www.fgv.br/cps/NemNem
SERVIÇO
Juventudes, Educação e Trabalho: Impactos da Pandemia nos Nem-Nem
Veja a pesquisa em http://www.fgv.br/cps/NemNem
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