Redistribuição à Brasileira: Eleições e "Expanções"
Sobre a pesquisa:
Seguindo a analogia culinária tradicional, o bolo dos brasileiros pobres cresceu nos últimos dez anos, apesar do crescimento ter dado "bolo" nos pobres dos brasileiros. Detalhamos os ingredientes trabalhistas da receita da estagnação econômica com redução da desigualdade à brasileira dos últimos dez anos. Neste estudo atualizamos a análise para o período até junho de 2006 a partir de fontes, até então, inéditas de microdados, especialmente processadas para este trabalho.
A estagnação do mercado de trabalho brasileiro é especialmente forte no período 1995 a 2003 mas apresenta sinais de reversão no período 2004 a 2006 quando o bolo volta a crescer com mais fermento para as classes mais pobres. Estudamos as influências nestes períodos de elementos associados ao mercado de trabalho tais como evolução da oferta de trabalho, de sua respectiva empregabilidade, da jornada de trabalho e da produtividade da mão de obra. Abrimos os determinantes das mudanças do salário-hora em quantidade de educação e seus respectivos retornos. A pesquisa dedica uma especial atenção em dissecar a influência dos reajustes do salário mínimo de 2005 e 2006 e ainda detalha os impactos dos ciclos eleitorais prévios sobre os indicadores sociais baseados em rendas e seus componentes.
Lançamos mão do processamento dos microdados da Pesquisa Mensal do Emprego pela sua agilidade o que nos permite diminuir a defasagem de quase dois anos da PNAD para menos de três meses da última PME, trazendo os indicadores de desigualdade e de pobreza para a realidade de Junho de 2006. O aumento de velocidade é requisito necessário para que se possa vislumbrar a continuidade, ou não, da melhora distributiva ocorrida nos últimos anos e monitorar a performance social de diferentes segmentos em diferentes regiões do país em período pré-eleitoral. Neste aspecto o que chama mais a atenção é o melhor desempenho da região metropolitana de Belo Horizonte nos últimos 4 anos, onde a renda per capita mediana do trabalho cresce 39.6%, o dobro do obtido pela segunda colocada.