Retratos do Cárcere
Sobre a pesquisa:
A pesquisa ‘Retratos do Cárcere’ mostra que os trágicos acontecimentos ocorridos na época em São Paulo precipitaram um acalorado debate sobre os determinantes sócio-econômicos da criminalidade. O Centro de Políticas Sociais revela os detalhes do perfil dos presos de São Paulo e os do Rio de Janeiro. O estudo traça um retrato comparativo da população adulta de São Paulo aquela que vive nas prisões do estado a partir de uma amostra de 5.4 mil presidiários paulistas. O site apresenta um simulador da probabilidade da pessoa estar presa, a partir de suas características, o que permite comparar os determinantes da atividade criminosa nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. As diferenças no Rio X São Paulo do crime são que o presidiário carioca é mais nativo e sem religião, enquanto o paulista que é um sujeito que adere mais a outras crenças e vem de fora do estado. Curiosamente, a falta de educação é um fator mais importante no Rio do que em São Paulo. De forma geral, o perfil do preso é um homem entre 20 e 29 anos de idade. A probabilidade de um paulista de estar preso cai de 2.04% para 0.22% quando se muda o sexo masculino para o feminino mantendo as demais características no nível de risco máximo. Outra parte do estudo segue a literatura internacional sobre criminalidade que enfatiza o impacto do desemprego e desigualdade e menos o da pobreza. Verificou-se o efeito de características dos presidiários cariocas atingirem estados precários como miséria e desemprego. A probabilidade de uma pessoa com o perfil sócio-demográfico do presidiário carioca estar desempregado é 50% maior que a do conjunto da população. Finalmente, questionamos se a contrapartida feminina da maior predisposição demonstrada por jovens homens solteiros a atividades criminosas seria a crescente gravidez precoce observada no país, e em particular em áreas de alta taxa de criminalidade: nas favelas cariocas o número filhos por adolescente de 15 a 19 anos é cinco vezes maior que nos bairros de alta renda. Neste aspecto, o Brasil estaria na contra-mão da tendência revelada por Steve Levitt de que a redução da taxa de criminalidade observada em alguns estados norte-americanos nos anos 90 seria produto da redução da gravidez indesejada observada duas décadas antes.