Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais (CPS) e da EPGE – Escola Brasileira de Economia e Finanças, da FGV, participou do World Social Science Fórum 2015 em Durban, África do Sul. O congresso reuniu mais de 1.000 pesquisadores de 84 países e gerou ao final dos quatro dias de evento uma declaração sobre Desigualdade Global, entregue ao Congresso sul-africano.

Esta é a terceira viagem, nos últimos anos, de Neri à África do Sul, onde conduz pesquisas comparadas na área social no âmbito dos BRICS. Na primeira viagem, a convite da OCDE fez palestra sobre lições de programas sociais brasileiros na Universidade de Pretória e no Palácio Presidencial. Na segunda viagem, chefiou delegação brasileira como ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e National Security Advisor (NSA) do Brasil na reunião de cúpula dos NSAs dos BRICS.

Marcelo Neri foi Keynote Speaker na plenária sobre os impactos da globalização e da desigualdade mundial. Sua apresentação, intitulada “Global Income Distribution, Protests and Assets”, traçou paralelos entre as mudanças na distribuição de renda no Brasil e o no mundo.

“O segredo por trás das mudanças de distribuição de renda brasileira desde a virada do milênio, incluindo crescimento e a mudança da desigualdade, passa pelo crescimento continuo do PIB até 2011. A renda das pessoas subiu acima do PIB, desde o fim da recessão de 2003. A desigualdade caiu desde 2001. A combinação tripla de elementos mudou a distribuição de renda brasileira, lato sensu. Mas ao longo dos últimos anos fomos perdendo cada um desses elementos. De um lado, a redução do crescimento do PIB a partir de 2011. Depois, a partir de 2012 ou 2013, a estagnação da desigualdade. Mostramos que essa estagnou não só no Brasil, mas também na América Latina. Embora estejamos no menor nível de desigualdade da história, ela não é muito menor que a dos anos 60, quando foi inicialmente medida, mas parou de cair. E apenas mais recentemente, já em 2015, o aumento do desemprego e a aceleração da inflação, como reflexo dos desajustes macroeconômicos prévios, vieram a interromper o processo de expansão da renda familiar. O Brasil é visto como um caso muito especial, em um Fórum como esse. O Brasil parece ter perdido o equilíbrio entre as dimensões social e econômica. O desafio é retomar a trajetória de prosperidade partilhada, recuperando a produtividade e a atratividade aos olhos dos investidores, sem esquecer do social, voltar a avançar por este caminho do meio”.

Veja o vídeo com parte da apresentação abaixo: